Igreja Cristã Evangélica Casa de Oração
Cavalhada III, Cáceres – MT
A Parábola do Semeador
Tema:
As pessoas respondem de varias maneiras a mensagem do reino de Jesus, mas
apesar da aparência de fracasso, Deus está no controle e garante seu sucesso.
No meu ministério na ABUB, tem
certos textos bíblicos que se ressaltam pela sua relevância. São textos aos
quais sempre volto. Marcos 4 é um deles. A partir desse texto quero
compartilhar com vocês algumas lições importantes sobre o evangelismo.
Quero começar falando um pouco
sobre alguns amigos meus, e sobre como eles responderam ao evangelho, as boas
novas do reino de Deus.
Primeiro tem o Matheus. Matheus fez colegial comigo. A
mãe dele é Cristã, e ele freqüentava a igreja com ela, toda semana, alem de ir
a alguns acampamentos. Matheus conheceu o evangelho, e aquela época se dizia
crente. Mas, ao longo dos anos e principalmente quando ele foi para a
faculdade, ele deixou de seguir Jesus.
Aí tem Pedro. Conheci Pedro na época de faculdade. Ele estava viciado em
drogas e ficava na porta do supermercado pedindo esmola. A vida de Pedro era
uma bagunça e ele bem sabia. Mas quando ouviu as boas novas sobre Jesus,
rolaram lagrimas pelas bochechas dele, e com muito prazer ele recebeu perdão e
vida nova.
Tem também o Rogério, um dos meus colegas de faculdade. Ele também ouviu as boas
novas. Mas não mudou nada. Pelo que eu saiba, ele nunca demonstrou interesse
mínimo em Jesus.
E tem o Wíliam, no caso dele foi também na universidade que ele primeiro
ouviu sobre Jesus. Desde então o sorriso não sai do rosto dele, e hoje ele vive
sua vida para Jesus.
E tem também a Vanessa, e o
Marcos, e a Neide... e tantos outros.
Cada um com sua própria história, bem como cada um de nós aqui hoje.
Mas sabe... às vezes fico
pensando... e acho que não sou o único: se
a mensagem do reino de Jesus é tão boa, como creio que é, então por que existem tantos “Matheuses” e “Rogérios”
nesse mundo?
Por que nem todo mundo recebe as
boas novas como meus amigos Pedro e Wíliam? Será que alguma coisa está dando
errado? Será que não tá tendo algum problema?
Diante de varias reações ao
evangelho, existem duas duvidas comuns entre nós que cremos. E é por isso que a
parábola do semeador é tão importante. Duas duvidas.
Primeiro: Pensamos que
deve ter algum problema conosco. Nos culpamos e nos castigamos, porque uma
pessoa amada – um amigo ou um parente – não se converte apesar de todos nossos
esforços. E daí vem a sensação de culpa... será que não orei o suficiente? Será
que não tive fé o suficiente? Será que meu marido, minha esposa... não crê em
Jesus por causa de MIM?
Essa é a primeira duvida: Deve
ter algum problema comigo.
A Segunda dúvida que
acontece é a seguinte: Pensamos que deve ter algum problema com o próprio
evangelho. Ou então, com Deus mesmo. “Nossa ninguém está acreditando nessa
mensagem... esse lance de pregar o evangelho já não esta dando certo... será
que não tem um problema com ele? Será que a gente não precisa rever esse plano?”
E então: “Será que Deus existe mesmo? Porque se eu fosse Deus, eu não ficaria
muito contente com esse desempenho.”
A parábola do semeador é
relevante e importante para nós cristãos porque ela responde a essas dúvidas.
Então vamos para a Bíblia.
Abrindo o evangelho de Marcos no
capitulo 4 nós nos deparamos com uma historia em que o enredo já está bastante
desenvolvido. Já na metade do primeiro capitulo encontramos Jesus em pleno
ministério pregando, curando e expulsando demônios. Marcos logo de cara quer
mostrar que Jesus é o Rei que veio com autoridade absoluta para estabelecer seu
reino.
E já nos primeiros 3 capítulos
Marcos demonstra várias reações a Jesus e ao seu reino. Alguns, num instante,
abandonam tudo para obedecer a Jesus. Muitos buscam nele a cura. Outros duvidam
dele, brigam com ele, e acabam resolvendo matá-lo. Outros ainda dizem que ele
enlouqueceu.
Capítulo 4 é a primeira vez que
vemos Jesus parando para ensinar por parábolas, e tem muita gente querendo
ouví-lo. Prestem bem atenção à leitura: Jesus vai até falar que essa parábola é
A parábola chave. Sem compreender esse parábola, o Reino de Deus não vai nos
fazer sentido.
LER MARCOS 4:1-20
Que bom que os discípulos
perguntaram né!? Assim temos a parábola e a explicação juntas. Olha, parábolas
não são alegorias, então não devemos sempre procurar interpretar cada detalhe,
mas sim, a mensagem central. Nesse caso, porém, há alguns pontos muito óbvios.
Primeiro, temos certeza de
que a semente é a palavra; é a mensagem
que Jesus pregava, o evangelho, as boas novas sobre o reino de Deus.
Segundo, podemos ter certeza
de que o semeador é Jesus. No evangelho de Marcos quem ensina e quem prega é
Jesus. Somente ele.
Também fica claro que com essa
parábola, Jesus quer mostrar quer há quatro reações ao seu ensino. Quatro
reações à mensagem do reino dele.
Antes de entrar nessas quatros
reações, porém, precisamos ter clareza sobre o que é o reino de Deus. Na
verdade é muito simples:
O Reino de Deus é onde Deus
reina.
Para ser mais especifico, o reino
de Deus é onde Jesus reina, porque Jesus é o Rei mandado por Deus para governar
sobre esse mundo. Na época de Marcos ele veio para iniciar seu reino. Um dia
Ele vai exercer domínio total... e por enquanto o reino dele vai crescendo
entre nós.
Olha, faz mais de uma década que
eu escuto Jesus. E já houve muitas vezes que não concordei com ele. Sobre
dinheiro; sobre relacionamentos; sobre o medo e a preocupação; sobre um monte
de coisas.
Mas você pode saber onde Jesus
reina simplesmente observando se eu obedeço a ele. Se eu faço minha vontade ou
a dele. Concordando ou não, se na pratica eu me submeto à autoridade
dele, então Ele reina em mim.
Bom. Agora vamos ver essas
quatros reações; vamos ver o que acontece quando as pessoas ouvem as palavras
do Rei Jesus.
Primeiro, Jesus fala sobre
a semente, a palavra dele, que cai à beira do caminho. À beira do caminho a
terra é dura. As aves vêm e a comem. A semente não penetra.
Essas imagens resumem aquelas
pessoas que ouvem a palavra de Jesus, mas não deixam que ela penetre. Há
pessoas com corações tão endurecidos, tão fechados para Jesus, que elas não têm
nem a mínima chance de aprender algo sobre Jesus e sobre o reino dele. A sua
atitude não deixa. Geralmente você não encontra tais pessoas dentro da igreja.
Mas não é só “gente lá fora” que
cabe nessa categoria. Satanás tem o maior prazer quando depois do culto ninguém
conversa sobre a pregação. Ou quando lemos a bíblia, mas não pensamos sobre o
que lemos, e logo o esquecemos. Nisso também ele retira a palavra semeada.
Amigos não fechem seu coração
para Jesus. Preste bem atenção ao que ele fala, e considere!
Segunda reação. Verso 16.
“Outras, como a semente lançada em terreno pedregoso, ouvem a palavra e logo a
recebem com alegria. Todavia, visto que não tem raízes em si mesmas, permanecem
por pouco tempo. Quando surge alguma tribulação ou perseguição por causa da
palavra, logo a abandonam.”
Existem pessoas que, ao ouvirem a
mensagem do reino, inicialmente mostram entusiasmo por ela. Mas elas não têm
raízes. Elas não deixam que a semente penetre profundamente nas suas vidas e
produza verdadeira transformação. Só que essa realidade só se manifesta ao
enfrentar a perseguição por causa di evangelho.
Neste nata que acabou de passar,
houve uma onda de ataques contra Cristãos na região de Orissa, na Índia. 95
igrejas e 730 lares de famílias cristãs foram destruídas a fogo. Pelo menos 9
pessoas foram mortas. E a policia não fez nada para impedir.
De fato, ao redor do mundo,
aproximadamente 200 mil Cristãos morrem por causa da sua fé cada ano.
Olha, precisamos admitir que aqui
em Ribeirão Preto nós Cristãos conhecemos muito pouco da perseguição por causa
da palavra. É provável que venha a aumentar no futuro; mas mesmo hoje alguns de
nós sofremos zombaria e ódio. Às vezes a família não aceita que você abandonou
a religião tradicional deles. Às vezes seus colegas te maltratam porque você se
levantou contra praticas anti-éticas no seu trabalho.
Mas quantos de nós estaríamos
realmente dispostos a perder nossos empregos por conta da nossa fé? Jesus nos
chama a abrir Mao não apenas do nosso empregos mas também das nossas vidas, por
causa do reino dele.
Eu não sei se um dia eu vou ter
que escolher entre a fidelidade a Jesus e a minha própria vida nessa terra; mas
eu oro para que naquele dia eu tenha fé para honrá-lo. E desejo que hoje a
palavra dele crie raízes profundas, me preparando para enfrentar qualquer
oposição.
A terceira reação é como a
semente lançada entre espinhos. Verso 19. Tais pessoas “ouvem a palavra; mas,
quando chegam as preocupações desta vida, o engano das riquezas e os anseios
por outras coisas sufocam a palavra, tornando-a infrutífera.”
Existem pessoas que acham que estão seguindo a Jesus ... mas cujas
vidas apresentam evidencia nenhuma disso. Porque?
Porque Jesus, no final das contas, é apenas um interesse entre muitos. Na vida
cotidiana, a prioridade está muito mais na carreira, ou no dinheiro, ou na
família... do que no reino de Jesus.
Acredito que este seja o maior desafio para a igreja evangélica no
Brasil hoje. Esses ídolos – a família, o lazer, o dinheiro, etc. – esses ídolos
estão sufocando muitos. Ainda mais nessa época de prosperidade e crescimento
econômico.
Gente: ao escolhermos uma casa nova... ao procurarmos um emprego... na
forma como dirigimos nosso negocio... quando planejamos nosso tempo livre... o
reino de Jesus está nas nossas mentes, ou temos alguma outra prioridade?
Irmãos, alguns de nós precisamos fazer um trabalho de limpeza nas
nossas vidas, tirando as ervas daninhas que nos cercam... precisamos agir com
decisão para restabelecer o reino de Jesus acima desses ídolos.
O que precisamos, na verdade, é que todos nós estejamos vivendo a
quarta reação, ali no verso 20: Precisamos ouvir a palavra e declarar “Sim,
Jesus, reina aqui! Reina sobre tudo na minha vida!” Precisamos ouvir a palavra
de Jesus, aceitá-la, e dar boa colheita, uma colheita de frutos do espírito,
evidências reais de que Jesus é nosso Rei.
Mais tarde vou voltar a esse ponto, à quarta reação à semente. Mas
nesse momento quero ressaltar isso: que há três reações inadequadas! Aquelas
três primeiras reações não dão!
Como você responde à palavra de Jesus? Escute! Aceite! E deixe que ela
te transforme até dar uma boa colheita.
Essa já é uma mensagem desafiadora para levarmos para casa. Mas no
tempo que resta eu quero mostrar que tem mais. Acredito que até agora nós não
chegamos no ponto principal dessa parábola. Precisamos olhar do ponto de vista
do próprio semeador.
Presta bem atenção ao texto. Quando Jesus contou a parábola, ele falou
para uma grande multidão de pessoas a beira-mar. Porém, na parte da explicação,
à partir do verso 10, Jesus estava falando somente para os Doze discípulos e
alguns outros seguidores mais chegados.
O que quer dizer isso?
Primeiro, perceba que enquanto Jesus contava a parábola, a parábola
estava se cumprindo. Enquanto ele falava, Jesus estava semeando a palavra, e os
ouvintes estavam respondendo justamente nessas varias maneiras que acabamos de
ver. Ou seja, ou ouvintes faziam parte da parábola.
Jesus termina a parábola falando “Aquele que tem ouvidos para ouvir,
ouça!” É como se Jesus, soubesse que naquele grupo tinha alguns com ouvido
aberto e coração macio; alguns que iam receber sua palavra; aceitá-la e dar uma
colheita. Não todos, mas alguns. O importante era que esses ouvissem a mensagem
dele.
Vamos continuar lendo do verso 10:
Quando ele ficou sozinho, os Dozes e os outros que estavam ao seu
redor lhe fizeram perguntas acerca das parábolas. Ele lhes disse: “A vocês foi
dado o mistério do Reino de Deus, mas aos que estão fora tudo é dito por
parábolas, a fim de que, ‘ainda que vejam, não percebam; ainda que ouçam, não
entendam; de outro modo, poderiam converte-se e ser perdoados!’”
Olhando esse trecho, ficamos surpresos. Parece que Jesus está dizendo
que as parábolas servem para que alguns não vejam e não se arrependem!
Mas o que é isso?!
Vamos pensar um pouco mais sobre isso. O que eu quero mostrar é o
seguinte: Que Deus está no controle.
Aí no verso 12 Jesus está citando um trecho do capitulo 6 do livro de
Isaías. É importante compreender essa citação.
Lembra que Israel tinha se dividido em duas nações; Israel para o
norte e Judá para o sul. No tempo de Isaías, Israel já não existia. O povo de
Israel tinha abandonado a Deus e foi destruído pela Assíria.
Mas Judá ainda existia. Judá ainda era o povo de Deus... em tese. Nos capítulos
1-5 de Isaías, Deus traz uma acusação fortíssima contra Judá. Ele expõe seu
pecado, sua maldade, sua religião falsa e sua infidelidade para com Ele. É um
catalogo de ofensas. Por isso Deus promete que vem vindo o juízo, um tempo de
tribulação e destruição.
Isaías 5:16: “O Senhor dos Exércitos será exaltado em sua justiça; o
Deus santo se mostrará santo em sua retidão.
Ou seja, Deus tinha decidido revelar sua gloria através do juízo. Ele vinha
trazendo um exército da Babilônia para destruir Judá.
Daí no capitulo 6 Deus chama Isaías. Isaías recebe aquela formosa
visão da gloria e santidade de Deus. E no versículo 9 Deus manda Isaías com uma
mensagem para seu povo: “Estejam sempre ouvindo, mas nunca entendam; estejam
sempre vendo, e jamais percebam. Torne insensível o coração deste povo; torne
surdos os seus ouvidos e feche os seus olhos. Que eles não vejam com os olhos,
não ouçam com os ouvidos, e não entendam com o coração, para que não se
convertam e sejam curados.”
Daí Isaías pergunta, “Até quando Senhor?” E Deus responde que ele deve
pregar até a terra de Judá esteja totalmente desolada.
E assim aconteceu. Por muitos anos Isaias pregou. Algumas pessoas se
arrependeram. Mas a grande maioria não. E a terra foi devastada pelos
Babilônios.
Por que? Porque essa foi à vontade de Deus. Deus quis que a sua gloria
e a sua santidade fossem demonstradas através do juízo.
E agora, no evangelho de Marcos, Jesus está falando a mesma coisa. Ele
está dizendo que quando a semente cai no caminho; ou quando ela cai entre as
pedras ou entre espinhos... nesses casos Deus também está no controle. Nesses
casos não é um fracasso. Nesses casos, como no ministério de Isaías, é a
vontade de Deus que sua gloria e santidade sejam demonstradas através do juízo.
A semente que cai no caminho não fracassa. Deus está no controle dela.
Deus está no controle não só da salvação, mas também da condenação.
Aqui alguém vai estar pensando “Nossa, mas que injustiça, Deus fazendo
isso!”
Essa seria uma acusação séria, pois Deus se diz o Deus da justiça.
Será que Deus é injusto?
Gente, muitas vezes nos esquecemos desse fato: Ninguém merece ouvir o
evangelho. Ninguém merece ser perdoado. Ninguém merece ser salvo.
Se Deus tivesse decidido destruir toda a humanidade e mandar todo
mundo para o inferno, teria sido perfeitamente justo. Quando um ser humano
morre sem se arrepender e enfrenta a condenação eterna, é uma sentença justa
pela sua vida de rebelião contra Deus.
Porém, quando uma pessoa ouve sobre Jesus, se arrepende e recebe
perdão, isso não é a justiça, isso é a misericórdia e graça. A justiça de Deus
é mantida porque Jesus leva nossa punição; mas além de justiça Deus demonstra
seu majestoso amor e misericórdia.
Saiba que Deus está no controle. Ele é o Deus do juízo, como no exemplo
de Isaías. Alem disso, ele também é o Deus da colheita.
Olha lá no versículo 20 da parábola. Jesus promete que quando a
semente cai em terra boa, a colheita será espantadora. Dizem os comentaristas
que no tempo de Jesus, isso aqui teria sido a única grande surpresa da
historia. Trinta, sessenta, até cem por um! Naquela época uma colheita dessas
teria sido surpreendente, até milagrosa.
Irmãos, nos dias que duvidamos... nos momentos que parece que deve ter
um problema – ou comigo ou com o próprio evangelho – nesses momentos precisamos
lembrar disso: Que Deus está no controle. E Ele promete que haverá uma colheita
gigantesca.
Deus está no controle; Ele é o Deus do juízo, e Ele é o Deus da
colheita.
Meu desejo hoje é que nós sejamos encorajados a nos dedicarmos ao
trabalho de semear a palavra de Jesus. Sim, nessa parábola o semeador é Jesus.
Mas por que ele explicou o significado para os discípulos? Porque já eles
estariam participando do mesmo ministério – semeando a palavra – e era
importante que eles tivessem expectativas adequadas.
Carol e eu já falamos bastante sobre a ABU; sobre esses grupos de
universitários que têm como objetivo semear a semente no meio universitário.
No meu tempo de universidade eu fui líder de um grupo de ABU. Éramos 8
na liderança, e éramos muito entusiásticos. Tínhamos o desejo ardente de ver o
câmpus transformado pelo evangelho.
E nós pensávamos assim: Deus ama todo mundo e quer que todos sejam
salvos. Então, se orarmos suficiente, e se crermos que Ele fará isso, então
vamos ver um avivamento.
Nosso grupo tinha uns 200 membros na época. Onde fazíamos reuniões
cabia 500. Mas nos calculamos que até o final daquele ano, precisaríamos nos
mudar para o maior salão do câmpus – que cabia uns 5 mil!
Olha, não aconteceu assim. Na verdade, nem meus colegas de sala se
converteram. E na metade daquele ano, bateu a realidade. Tão forte que eu quase
desisti de vez. Ser um cristão estava sendo mais difícil do que eu esperava.
Sofri daquelas duvidas que mencionei antes: Tinha algum problema
conosco? Tinha algum problema com nossa mensagem? Não. O problema estava com
nossas expectativas.
Ah...! Se tivéssemos estudado a parábola do semeador!
Aí teríamos aprendido que no trabalho de evangelismo, quando semeamos
a palavra de Jesus, devemos ter essas três expectativas:
- Desapontamento.
- Demora.
- Resultados espantadores.
Desapontamento...
A semente do evangelho vai cair em terra dura. Ela será tirada por
Satanás; ela será rejeitada. Porque é isso que Jesus prometeu.
Alguns anos atrás uma amiga minha, uma ABUense aqui no Brasil, teve a
oportunidade maravilhosa de ler o evangelho de Lucas com uma amiga não-crente.
Ela ficou tão feliz. Durante alguns meses, elas se encontravam toda semana, e
no final desse tempo a amiga dela um bom conhecimento do evangelho. Só que no
final desse tempo ela virou para a minha amiga e falou, “Obrigado por seu
tempo, mas eu quero que você nunca mais fale comigo sobre Jesus. Se é isso que
você acredita, então eu não quero saber.”
Vai haver desapontamento. Não só no inicio, mas também mais para
frente. Alguns vão parecer que estão indo bem... até enfrentar oposição, e
desistir. Outros irão atrás de ídolos e, aos poucos, vãos deixar Jesus de lado.
Sufocarão.
Espere desapontamento.
Espere também a demora.
Ah... isso não gostamos, hem? Hoje tudo é instantâneo. Esperar, a
gente não agüenta mas o verdadeiro crescimento Cristão leva tempo.
Pense naquela semente que caia na boa terra. No inicio, não tem nada!
A semente no terreno pedregoso já brotou faz tempo... mas aqui, nada. Parece
que essa semente não presta.
É assim no evangelismo. Já ouvi dizer que na média quem se converte,
pelo menos na Inglaterra, é exposto ao evangelho mais de 30 vezes antes de
crer! É demorado.
O evangelismo raramente produz resultados instantâneos. Seja paciente;
semeia a semente; ore, e confie que Deus fará o resto. Daí espere. Espere, que
haverá demora.
A ultima expectativa realista que precisamos ter é aquela que
mencionei antes: Resultados espantadores.
As primeiras duas expectativas podem nos deixar muito desanimados. Mas
essa promessa é para nos animar. E anima mesmo!
Por que vocês acham que um fazendeiro se levanta cedinho todo dia? Por
que será que ele volta para o calor do dia depois do almoço? Porque ele
acredita que vai haver uma colheita; que o trabalho dele vai valer a pena.
Imagina um dia, lá no céu, Jesus mostrando o tamanho da colheita.
Milhões de remidos. Daí você olha e vê algo que nunca esperava. O fruto das
suas sementes. “Nossa! Mas eram apenas algumas sementinhas!”
Jesus prometeu que haverá uma colheita, e que ela será gigantesca!
Isso deveria nos motivar, nos dias que batem aquelas duvidas.
Porque apesar de Satanás, e apesar do terreno pedregoso, e apesar dos
espinhos, há terreno bom. Existem, ao nosso redor, pessoas que tem ouvidos para
ouvir. Nosso trabalho é fazer com que elas ouçam.
Jesus quer que sejamos fazendeiros, jogando a semente do evangelho
sempre que tivermos oportunidade.
Às vezes eu trato o evangelismo como se fosse um hobby. Como se eu
fosse um jardineiro de quintal, no meu tempo livre. Plantando uma semente ou
outra... cuidando de uma plantinha aqui, outra ali.
Me lembro até de uma vez que eu até terminei uma conversa sobre Jesus
comum não-cristão porque eu estava indo para um curso sobre evangelismo! Que
doideira!
Mas lançar semente deveria ser a grande paixão da minha vida; eu
deveria sair de casa todo dia com as mãos cheias de semente, com o coração
cheio de vontade de falar de Jesus.
Por um lado é porque sou um britânico fechado, reservado. Mas por outro,
simplesmente falta confiar na parábola do semeador. Falta lembrar que minha
responsabilidade é semear, e Deus faz o resto. Falta acreditar que não tem
problema algum com a semente. Falta crer que um dia haverá uma colheita
espantadora.
Irmãos, há terreno bom. Há ouvidos para ouvir. Não sabemos quais são,
mas é nossa responsabilidade que eles ouçam sobre o Majestoso Rei que morreu
por eles e ressuscitou para reinar sobre o universo.
Vamos semear sem parar, com expectativas realistas e a confiança de
que Deus sabe o que faz. E vamos fazer isso com prazer, na esperança da grande
colheita que Jesus prometeu.
Philip Rout.
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Vivendo De Modo Digno Do Senhor
Escrito por Jayro Gonçalves
“... a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda a boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus, sendo fortalecidos com todo o poder... dando graças ao Pai”
Colossenses 1:10-11
Um dos mais sérios desafios que nos é feito pela Palavra de Deus está contido no oportuno texto que encima esta crônica. Como temos vivido? A resposta a essa pergunta nos fará refletir sobre equívocos que cometemos. E é bom que reconheçamos esse fato. Mas o que passou, passou. Não devemos ficar a lamentar os fracassos, mas, reconhecendo-os com humildade, deles tirar as lições que nos ajudarão a responder favoravelmente ao novo desafio do Senhor: “Viver de modo digno do Senhor”.
Um chinês pagão disse, certa vez, a um missionário, que o seu maior desejo era tornar-se cristão evangélico. “Onde ouviu a pregação do Evangelho?”, perguntou o missionário. “Nunca o ouvi pregado, mas o tenho visto vivido”. Em Nirgpo havia um homem mau, fumador de ópio, violento, mas que foi transformado pelo poder do Evangelho. Por isso, “eu vi o Evangelho vivido e não pregado”.
Há duas maneiras de nos manifestarmos perante os outros: a primeira é pela proclamação verbal do que julgamos ser. A segunda é pela evidência de nossas atitudes e atos.
Revelamo-nos mais pelo que os outros veem em nós do que pelo que de nós dizemos. Jesus Cristo enfatizou a importância do testemunho da vida na afirmação do verdadeiro cristianismo, quando afirmou que “somos a luz do mundo e o sal da terra” (Mateus 5:13-16).
O “viver” fala mais alto do que o “falar”. O Senhor Jesus verberou e condenou fortemente a expressão negativa e hipócrita da religião formalista, sem valor e autenticidade, caracterizada pela verbosidade inconsistente (Mateus 23:13-36).
O que têm constatado em nós aqueles com quem convivemos? Tem sido notória a presença do poder transformador de Cristo em nossas atitudes e em nossos atos? O que de positivo pode ser notado? Não terá havido evidente contradição entre o que tenhamos dito a nosso respeito e aquilo que nossos atos e atitudes mostraram? Não terá a nossa vida desmentido e anulado a mensagem das nossas palavras, ainda que expressivas e eloquentes?
A esse respeito, Paulo é um digno e positivo exemplo. Paulo falou muito. Escreveu bastante. Mas viveu exuberantemente o que falou e escreveu. Viveu em Cristo. Mostrou Cristo em seu viver cotidiano. O que tem levado muitos, através dos tempos, a aceitar e confiar nas verdades por ele proclamadas a respeito de Cristo tem sido a mensagem do seu próprio viver. Ele afirmou: “Não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gálatas 2:20).
O cristianismo não se faz de palavras eloquentes, mas de vidas humildes que revelam o caráter do próprio Cristo. O cristianismo autêntico revela-se pelo “viver” do cristão, não pelo seu “dizer” que não é vivido. Isto será a negação do cristianismo.
Viver de modo digno do Senhor é o desafio que Ele nos faz. Se somos do Senhor não nos resta alternativa. Como novas criaturas devemos viver de modo digno do Senhor. A dignidade do Senhor é incomparável! Se não O dignificamos em nosso viver, O estaremos desonrando! Devemos, pois, “andar (viver) de modo digno da vocação a que fomos chamados” (Efésio 4:1).
Como viver de modo digno do Senhor? Paulo responde no texto básico desta crônica:
1. Vivendo para o Seu inteiro agrado – O Senhor deve ser “exclusivo” e “prioritário” em todos os lances do nosso viver. Nem sempre é isso que norteia nossos atos e atitudes. Buscamos, em geral, a nossa satisfação pessoal. Priorizamo-nos equivocadamente, deixando de lado o Senhor. O Senhor nos ensina que devemos “buscar em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça” (Mateus 6:33). A expressão “o seu reino” aí fala da nossa total submissão à Sua Soberania em nosso viver; a expressão ”sua justiça” tem a ver com o Seu padrão para o nosso viver. Isso significa que a Sua vontade deve ser ampla e necessariamente manifestada em nossa realidade existencial. O Senhor Jesus fez notável esse aspecto no exercício de Sua missão no mundo. Fazer a vontade do Pai era fundamental no Seu ministério na terra, como declarou reiteradas vezes (Mateus 12:50; Lucas 22:42; João 4:34; 5:30; 6:38). Somente priorizando o Senhor em nosso viver cotidiano e buscando fazer, em tudo, a Sua vontade, pondo-a acima da nossa própria vontade, é que viveremos para o Seu inteiro agrado. Paulo, também, dá grande ênfase a esse ensino, acentuando a imprescindibilidade da experiência da boa, perfeita e agradável vontade de Deus em nosso viver, para que a vida valha a pena (Romanos 12:1-2). Agindo assim estaremos vivendo para o Seu inteiro agrado e de modo digno do Senhor.
2. Frutificando em toda a boa obra – Ensinando os Seus discípulos sobre a produção de frutos no viver cristão disse o Senhor Jesus: “Todo o ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda” (João 15:2). A oportuna metáfora usada pelo Senhor Jesus, em João 15:1-17, contém preciosas lições sobre o desejo do Senhor para que o nosso viver cristão manifeste ampla frutificação. No verso 5 afirma o Senhor: “Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanecer em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer”. Aprendemos aí três coisas fundamentais sobre o viver frutificando:
- – Devemos assumir totalmente o Senhor em nossa vida (“permanecer em mim”);
- – Devemos dar-lhe todo o espaço de nossa vida (“e eu, nele”);
- – Só assim frutificaremos em toda a boa obra (“esse dá muito fruto”).
O verbo chave nesse precioso capítulo é “permanecer”. O Senhor acentua a necessidade de permanecermos nEle (vs. 4, 5, 6 e 7), permanecermos na Sua Palavra (vs. 7 e10), permanecermos no Seu amor (vs. 9 e 10) para que possamos frutificar em toda a boa obra e o nosso fruto permaneça (v. 16). Ensina-nos Paulo que podemos contar, ainda, com o Espírito Santo, agente divino de nossa frutificação em toda a boa obra. Gálatas 5:22-23 afirma que “o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio”. Que privilégio podermos contar com o substancial suprimento do Espírito para frutificarmos em toda a boa obra nas várias áreas do nosso viver e, assim, vivermos de modo digno do Senhor!
3. Crescendo no pleno conhecimento de Deus – Em Efésios 4:15, Paulo afirma: “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cristo”. O crescimento espiritual é uma evidência do novo nascimento. Afinal de contas é preciso nascer para crescer! A Palavra de Deus é clara quanto à imperiosidade do nosso crescimento espiritual: “para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro” (Efésios 4:14). Que bom seria se, em nosso viver, pudéssemos ser notados em razão da acentuada maturidade espiritual exteriorizada nas nossas atitudes, na firmeza da nossa doutrina e autoridade espiritual, e na convicção de nossa fala, tudo isso resultante de inquestionável crescimento no pleno conhecimento de Deus! Antes de nascermos de novo estávamos afastados de Deus. Cristo nos reconciliou com Deus. Possibilitou-nos o Seu conhecimento, tanto como o Deus Criador como o nosso Deus e Pai. Exemplar foi a experiência de Enoque. Andou com Deus e Deus o tomou para Si. Cresceu no conhecimento de Deus como Pai e amigo íntimo. Diz Davi, no Salmo 25:14: “A intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança”. Devemos procurar crescer no pleno conhecimento de Deus, como o Pai que nos ama. Esse conhecimento nos fará crescer espiritualmente, porque nos fará conhecer melhor a Sua vontade em toda a sabedoria e inteligência espirituais. Assim teremos condição de vivermos de modo digno do Senhor.
4. Fortalecidos com todo o poder – Vitalidade espiritual é fundamental para vivermos de modo digno do Senhor. Em 2 Timóteo 2:1, Paulo exorta: “Tu, pois, filho, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus”. O cristão deve ser dotado de energia espiritual (força) na manifestação do seu viver cotidiano. Não é a força do intelecto, da sua capacidade de persuasão, dos recursos materiais e financeiros de que dispõe, da sua posição privilegiada no contexto da sociedade, do seu autoritarismo, da sua truculência. A força de que carecemos vem do alto! É a concessão da graça que está em Cristo Jesus! Todos os recursos que nos revestem de todo o poder são fornecidos pelo Senhor. Por isso devemos buscá-los incansável e insistentemente. O Senhor no-los põe à disposição e espera que deles nos apropriemos através do exercício de nossa Fé. Em Efésios 3:16 lemos que Paulo orava para que o Senhor, segundo a riqueza da Sua glória, fortalecesse os crentes em Éfeso com poder, mediante o Espírito no homem interior. O Espírito Santo é recurso fundamental do nosso fortalecimento com todo o poder. Em Efésios 6:10, Paulo recomenda “sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder”. Alinha, a seguir, os recursos da armadura de Deus, dos quais nos devemos apossar para estarmos fortalecidos com todo o poder. O seu testemunho a respeito é notável, dado em circunstâncias de grande adversidade, pois se encontrava preso quando o deu: “tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13). Somente fortalecidos com todo o poder poderemos viver de modo digno do Senhor.
5. Gratos ao Senhor – A gratidão ao Senhor no nosso porte cotidiano evidencia o nosso viver de modo digno do Senhor. Agrada muito ao Senhor contemplar-nos sempre gratos pelas múltiplas manifestações da Sua permanente graça a nosso favor. Paulo exorta: “Em tudo, dai graças, porque esta é vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1 Tessalonicenses 5:18). A gratidão ao Senhor é a moldura do nosso viver de modo digno do Senhor.
CONCLUSÃO – Aceitemos o desafio para vivermos de modo digno do Senhor. Adotando as cinco atitudes sugeridas por Paulo, estaremos fazendo do cotidiano uma notável experiência de vida cristã!
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